Às vezes gostávamos de poder morrer de prazer. Gostávamos de heroicidade trágica que se vive em silêncio e em solidão, abgnadamente, desmedidamente por inteiro.
Às vezes vemos o quarto oval coberto de espelhos, o corpo do desejo deitado na cama majestática que lhe ocupa o centro. Há já muito tempo que explodiram aqui todas as nossas fantasias, mas agora apenas apagamos devagar as velas, uma por uma, mantemos os olhos baixos e descemos no escuro a escada que vai ter ao alçapão. Sabemos que por trás dele alguém conforme o combinado espera a nossa saída para poder subir, ansioso radiante, por nós encoberto.
Às vezes sabíamos que seríamos felizes, porque era nossa a parte de glória de um segredo que não podia pertencer a mais ninguém. Todas as outras linhas da paixão são normais e mencionáveis.
Canções das crianças mortas- jose afonso furtado e clara pinto correia
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