Sei agora como nasceu a alegria, Como nasce o vento entre barcos de papel, Como nasce a água ou o amor Quando a juventude não é uma lágrima. É subitamente um grito, Um grito apertando nos dentes, Galope de cavalo num horizonte Onde o mar é diurno e sem palavras. Falei de tudo quanto amei De coisas que te dou Para que tu as ames comigo: A juventude,o vento e as areias. Eugénio de Andrade |
Sunday, June 18, 2006
Até amanhã
Sunday, June 11, 2006
Com os mortos
Os que amei,onde estão?idos,dispersos, Arrastados nos giros dos tufões, Levados,como em sonho,entre visões, Na fuga,no ruir dos universos... E eu mesmo,com os pés também imersos Na corrente e à mercê dos turbilhões, Só vejo espuma lívida, em cachões, E entre ela,aqui e ali,vultos submersos... Mas se paro um momento,se consigo Fechar os olhos,sinto-os a meu lado De novo,esses que amei: vivem comigo, Vejo-os,ouço-os e ouvem-me também, Juntos no antigo amor,no amor sagrado, Na comunhão ideal do eterno Bem. Antero de Quental " Sonetos" |
Thursday, June 01, 2006
Para um dia mundial da criança
As crianças são o tempo a haver.
Sua primeira presença no mundo é de gritos e protesto. Mas,
às vezes, adaptam-se e isso implica uma luta quase heróica
e anónima que a maior parte ignora.
Alimenta os dias dos homens, mas elas próprias são o espelhoa da solidão.
Em seus olhos enormes e grandes, uma criança contempla o mundo e não o entende.Ouve palavras e as palavras são flechas que lhe perturbam o sonho
em que se refugia para sobreviver.
Tudo nelas é inicial e puro:o riso e a violência, o sonho e as lágrimas.
Projectadas para o alto, são estrelas cadentes.
Voam de encontro ao sol e nele se confundem com as flores e o vento.
Sabem o sentido exacto da fraternidade.E confiam.E esperam.
Olham para a Terrra e descobrem coisas ínfimas, pequenos milagres de harmonia e movimento.
Conhecem a dor e a alegria e reflectem-nas,sem disfraces,
nos gestos e nos olhos.
Não guardam o rancor nem sabem o significado dos termos mais dolorosos.
São assim. E sabemo-lo.
E,no entanto,aos poucos,vamos destruindo o que era
inicial,puro e quase divino;vamos adoptando às nossas mentiras suas verdsdes implacáveis;acomodamos ao nosso agoísmo sua liberdade e seus pensamentos mais claros. A isso,quase sempre,chamamos educação.
Uma criança espera, no mundo.
E que o mundo lhe devolva a esperança para sempre.
Que os Homens,por um segundo em cada dia,suspendam seus deveres mais urgentes e pensem na criança que espera.
E lhe garantam paz.
E lutem pelo seu bem estar.
E se envergonhem de ainda haver,sobre a abundância desnecessária de tantos, a sombra de milhares de crianças que sucumbem de fome e doença sem um vislumbre de ternura ou solução.
Que nós nos envergonhemos.
E que a dor não seja,nunca mais,como a solidão,
uma palavra nos seus dias.
Que a criança sorria ao mundo.
Que o mundo lhe conserve o sorriso.
Hoje. E para sempre.
Maria Rosa Colaço
Sua primeira presença no mundo é de gritos e protesto. Mas,
às vezes, adaptam-se e isso implica uma luta quase heróica
e anónima que a maior parte ignora.
Alimenta os dias dos homens, mas elas próprias são o espelhoa da solidão.
Em seus olhos enormes e grandes, uma criança contempla o mundo e não o entende.Ouve palavras e as palavras são flechas que lhe perturbam o sonho
em que se refugia para sobreviver.
Tudo nelas é inicial e puro:o riso e a violência, o sonho e as lágrimas.
Projectadas para o alto, são estrelas cadentes.
Voam de encontro ao sol e nele se confundem com as flores e o vento.
Sabem o sentido exacto da fraternidade.E confiam.E esperam.
Olham para a Terrra e descobrem coisas ínfimas, pequenos milagres de harmonia e movimento.
Conhecem a dor e a alegria e reflectem-nas,sem disfraces,
nos gestos e nos olhos.
Não guardam o rancor nem sabem o significado dos termos mais dolorosos.
São assim. E sabemo-lo.
E,no entanto,aos poucos,vamos destruindo o que era
inicial,puro e quase divino;vamos adoptando às nossas mentiras suas verdsdes implacáveis;acomodamos ao nosso agoísmo sua liberdade e seus pensamentos mais claros. A isso,quase sempre,chamamos educação.
Uma criança espera, no mundo.
E que o mundo lhe devolva a esperança para sempre.
Que os Homens,por um segundo em cada dia,suspendam seus deveres mais urgentes e pensem na criança que espera.
E lhe garantam paz.
E lutem pelo seu bem estar.
E se envergonhem de ainda haver,sobre a abundância desnecessária de tantos, a sombra de milhares de crianças que sucumbem de fome e doença sem um vislumbre de ternura ou solução.
Que nós nos envergonhemos.
E que a dor não seja,nunca mais,como a solidão,
uma palavra nos seus dias.
Que a criança sorria ao mundo.
Que o mundo lhe conserve o sorriso.
Hoje. E para sempre.
Maria Rosa Colaço
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