Uma rosa cresce na tua ausência. Não
a posso colher, a essa rosa vermelha que
incendeia a secura dos meus olhos.Limito-me
a vê-la; a rosa do centro,na sua rotação
de sentimentos e hesitações.Embarco
no rumo que ela me indica.Sei
que me conduzirá para o porto dos teus
braços,onde ainda estremecem as marés
do amor.
Mas se a tua ausência me oferece
esta rosa,de que me servem os seus
espinhos?Lambo devagar as suas
feridas,sentindo correr pela minha alma
o sangue fresco da tua voz: a voz que abranda
quando o fogo se apaga; e de cuja
brancura se soltam os ventos que empurram
o desejo;levam-me para
os teus lábios, a quem a rosa
roubou a mais pura cor.
Abraço então o teu corpo de flor,roubando
à rosa o gozo da sua dor.
Nno Júdice " Teoria geral do sentimento"
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