Wednesday, April 19, 2006

" Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o 'preto no branco' e os 'pontos nos is' a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluções, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não tentando um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordado sempre que estar vivo exige um esforço maior do que o simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então."


Pablo Neruda

Tuesday, April 18, 2006

Queria ir lá e dizer-lhe : estou aqui.
Mas isso não chega. As palavras não mudam nada.
Há coisas que têm de ser feitas,não apenas ditas.A crueldade das coisas obriga-nos a olhar apenas.Temos medo da nossa própria crueldade, dos nossos erros e de tudo o que foi criado por nós. A incerteza da realidade leva-nos a pensar assim.Somos passageiros na vida, e é triste sabê-lo. A vida não são dois dias ou três...são muitos mais.O que nos faz ficar aterrorizados, não sabemos quando chega o nosso fim.
Talvez amanhã...ou depois.Mas quando chegar escondêmo-nos? Porquê ter medo da morte, se é uma coisa tão natural como viver. A vida tem o seu tempo.Depois somos pó e mais nada para além disso. A vida passa,passamos pela vida e quando isso chega ao fim a morte è o nosso próximo caminho. Mas já não passsa por nós a morte,assim como a vida passa e nem passamos pela morte.Chegámos lá e ficamos somente,talvez ficaremos lá melhor que em certas alturas na vida.É que vida obriga-nos a ter medo da morte.mas não deveria ser assim!

Sunday, April 09, 2006

Tenho o coração a cair sobre os cadáveres dos maus e dos
vadios. O meu absimo ilumina uma explosão de trabalho humano.


Nuno Júdice " Obra poética"